
Tress, a Garota do Mar Esmeralda, foi o primeiro livro que li de Brandon Sanderson. As expectativas eram altas, é claro, já que estamos falando de um dos maiores nomes da fantasia atual. Mas, apesar disso, eu não sabia muito bem o que esperar.
Primeiramente, vou voltar um pouco e contar sobre a minha relação com a fantasia. Eu tentei ler algumas sagas e livros de fantasia mais consolidados no passado. Comecei as Crônicas de Nárnia, não rolou. A mesma coisa com Jonathan Strange e Mr Norrell (sem ofenças conta quem gosta, mas como???).
Porém, bons livros que permeiam o gênero me conquistaram: romantasia, fantasia com romance e fantasia jovem. Então já era hora de encarar meus receios e ler um autor de fantasia adulta, em uma história voltada ao público jovem.
Tress, a Garota do Mar Esmeralda é o primeiro projeto secreto de Sanderson lançado. Os projetos secretos são livros que o escritor manteve em segredo enquanto escrevia, e expandem o universo da Cosmere.
Dessa forma, as histórias se distanciam um pouco do padrão de escrita de Sanderson. No caso de Tress, a narrativa mistura fantasia com conto de fadas. O livro também se destaca por mirar no público jovem adulto, mas ainda carrega marcas registradas do autor, como a incrível construção de mundo.
Uma ilha diferente e um amor improvável
Tress é uma garota de cabelos castanhos claros rebeldes, que mora em ilha rochosa. De família humilde, trabalha como lavadora de janelas e é muito amiga do filho do duque, ainda que seja desprezada por outras meninas.
A garota tem uma coleção de copos, e nenhuma perspectiva de mudança de vida, já que ninguém pode se mudar dali. E a ilha em que moram não é exatamente como eu imaginaria, já que os mares não são feitos de água, e sim de esporos.
As luas, que são seis, jogam esporos no planeta. Dessa forma, cada uma delas banha um mar com diferentes cores, e o de Tress é esmeralda. Mas, não se engane com as belas cores, os esporos são perigosos, podem ferir e matar.
Acompanhamos a rotina da protagonista, pechinchando alimentos na feira, cozinhando, lavando janelas. Mas uma conversa despretensiosa com Charlie acaba gerando grandes problemas quando o pai do rapaz os flagra. Afinal, o filho de um duque não deveria interagir com uma garota qualquer.
Mas os dois se dão muito bem, conversando por horas a fio, e é para ele que Tress mostra suas novas aquisições da coleção de copos. Charlie adora inventar histórias, e fala muito mais do que seu pai gostaria.
Uma jornada de coragem e amadurecimento
O pai de Charlie o força a partir em busca de uma noiva de família nobre, deixando a ilha. Nesse ponto, Tress já percebeu que ama ele, e na despedida, o garoto promete que não vai se casar.
É dessa forma que Tress aguarda inquieta seu retorno, enquanto recebe copos do garoto. Os presentes acompanham mensagens de como consegui fugir de cada uma das pretendentes.
Mas quando o próximo copo demora a chegar, a garota se preocupa. E isso se mistura com tristeza quando anunciam que o herdeiro do duque vai chegar com sua noiva em breve.
Porém, o choque é maior quando o herdeiro do duque é anunciado, e ele não é Charlie, mas sim seu primo. Charlie foi deserdado e enviado para o mar da meia-noite, onde reside a feiticeira. Ela é perigosa, e quem chega lá, ou é morto, ou fica enfeitiçado.
Uma aventura mágica cheia de perigos, aprendizados e bons amigos
Assim, Tress monta um plano com ajuda de seus pais para fugir da ilha e ir atrás do garoto. Funciona, e logo ela embarca em um navio, mas diferente do esperado, é de contrabandistas, que prendem a garota. Na cela ela faz amizade com um misterioso rato falante.
A jornada continua, com muitas provações e perigos pelo caminho. Tress vai crescendo e aprendendo durante a jornada, conhecendo e nos apresentando a um mundo muito interessante.
Além disso, os personagens a quem somos apresentados durante a jornada são bem construídos. Os membros da tripulação ganham profundidade, se tornando realmente uma família para Tress, e ajudando a garota a amadurecer.
Tress foi me incomodou em alguns momentos: a dificuldade da garota de pedir ajuda chega a dar raiva. A inocência exacerbada também não me agradou, mas entendo que o contexto dela explique esses traços.
Um ponto alto dessa edição são as ilustrações, que são lindíssimas. Elas ajudam a imaginar os personagens e outros elementos. A capa também é linda, em capa dura com metálicos. Notei um pequeno erro de edição.
Gostei bastante e fiquei feliz de ler meu primeiro Sanderson!
Nota: 9,0/ 10
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