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Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros

A imagem parece ser a capa de um livro com título em português: “Manual das Donas de Casa Gaçadoras de Vampiros”.

Fundo preto.
Duas peaches/melões com folhas, uma com sangue nas bordas, sugerindo tema de vampiros.
Título em letras brancas grandes e compacto: "MANUAL DAS DONAS DE CASA GAÇADORAS DE VAMPIROS" (com acento e grafias estilizadas).
Nome do autor em verde claro: “GRADY HENDRIX”.
Logo da editora “unlinesca” na barra lateral direita.

Manual das Donas de Casa Caçadoras de Vampiros (ufa, cansei só de digitar isso tudo) é o novo lançamento de Grady Hendrix. O escritor tem como marca o terror exótico, como em O Exorcismo da Minha Melhor Amiga. Aliás, esse é o título que o tornou conhecido.

Além de escritor, ele também é roteirista, foi premiado e emplacou best-sellers pelo internacionais. Assim como o Manual das Donas de Casa, The Final Girl Support Group também se tornou um líder de vendas. Infelizmente, o segundo título ainda não está disponível no Brasil.

O Exorcismo da Minha Melhor Amiga também virou série e está disponível no Amazon Prime. Além disso, o autor já publicou diversos outros títulos, dos quais apenas Como Vender uma Casa Assombrada chegou ao Brasil.

Vi em uma discussão online um comentário de que Grady Hendrix é um R.L. Stine para adultos, e a comparação faz sentido! Caso não se lembre, ele é o escritor de Goosebumps, Rua do Medo e Hora do Arrepio. E antes de tudo, preciso dizer que eu amava Goosebumps.

Um terror com identidade própria

Pois bem, vou explicar um pouco melhor o tipo de livro que você deve esperar. Manual das Donas de Casa não é um terror pesado, com muitos sustos e reviravoltas. Por outro lado, ele é bastante gore, mas não de um jeito que tenha me incomodado. Enfim, vamos à história em si, e depois explico isso melhor.

Manual das Donas de Casa conta a história de Patricia Campbell, uma simples dona de casa sulista. Ela vive uma vida pacata e enteadiante, com um marido que não sai do trabalho e filhos rebeldes. Em síntese, nenhum deles dá valor aos serviços domésticos e cuidados aos filhos que ela passa o dia fazendo.

E além dos filhos, do marido, e da casa, sua sogra vai morar com a família, pois não tem mais condições de ficar só. Ela raramente fala algo que faça sentido e tem comportamento de uma pessoa senil, o que torna os cuidados ainda mais difíceis..

Um dos poucos momentos de diversão é nas noites do seu clube do livro, onde se reúne com um grupo de mulheres muito diferentes de si. Conforme as semanas vão se passando, elas fazem a leitura de histórias sobre crimes. Sejam eles reais ou não.

Entretanto, quando Patrícia é atacada em sua garagem, e tem sua orelha arrancada por uma vizinha idosa, tudo começa a ficar estranho. E logo depois, ela morre, deixando as coisas ainda mais confusas.

Um vizinho estranho e um clima sombrio

A senhora deixou um sobrinho como herdeiro, James Harris, que segue morando na casa da finada. O novo vizinho é muito prestativo e simpático, mas Patrícia percebe atitudes estranhas que a deixam desconfiada.

A família começa a se sentir insegura em sua própria casa, após uma tentativa de invasão, de um homem que é visto no telhado. Onde Carter, o marido de Patrícia pensa que é apenas imaginação da esposa e dos filhos.

Frequentemente ele trabalha até tarde, fazendo horas extras em busca de uma promoção. Ele é psiquiatra e quer se tornar chefe da especialidade, se tornando ausente em sua própria casa.

Nesse meio tempo uma tragédia ocorre, e a mãe de Carter morre em um acontecimento que o casal tem até dificuldade de explicar. Ratos invadem a casa, destruindo tudo que encontram pela frente e atacando a idosa, sua cuidadora e o cachorro da família.

Isso obviamente abala muito a família, e vamos vendo um afastamento cada vez maior entre todos os seus membros. As crianças não falam com os pais, e quanto falam é de forma pouco educada.

Nesse contexto, a culpa dos problemas dos filhos é sempre de Patricia. As colegas do clube do livro são seu único apoio, oferecendo conselhos e ajuda com tudo que conseguem.

E são elas que vão buscar ajuda quando a dona de casa percebe que James Harris é um monstro que está atacando crianças da cidade. Mas as coisas não serão fáceis, pois o homem já conquistou toda a vizinhança, fazendo negócios por todo lado.

Ele não é o vampiro tradicional que imaginamos. Ele mistura diferentes faces de sociopatia, mostrando prazer ao matar e também destruindo financeiramente e moralmente as vizinhanças.

Machismo, manipulação e crítica social no centro da trama

Mas o grande vilão desse livro não é James e sim o machismo. A história se passa nos anos 90, e os maridos não dão ouvidos para suas esposas. Eles ignoram suas opiniões, as desacreditam e manipulam. Os homens controlam tudo, e as mulheres só podem se contentar com as tarefas domésticas.

Definitivamente, isso me deixou muito brava, muito incomodada com a situação em que elas estavam. Não me entenda mal, isso é bem construído e plausível, e creio que por isso cause mais raiva.

Em síntese, creio que não tenha um personagem masculino em Manual das Donas de Casa que preste. Eles são um pior que o outro, mas as mulheres são surpreendentes e fazem com que o livro valha a pena.

Entretanto, se você tem algum tipo de gatilho com temas como violência doméstica e relacionamento abusivo, esse livro pode ser um problema. A violência não é explícita, mas há temas como manipulação bem evidentes.

É um livro que não se leva muito a sério, tem partes que puxam para o cômico, o que me agradou. Pelos comentários que vi antes de ler, achei que teria mais cenas gore. São poucas cenas assim, mas em compensação, elas são bem gore, ainda que de uma forma engraçada (juro).

Manual das Donas de Casa foi um livro que me divertiu e me fez passar raiva lendo. Não é uma grande obra-prima, mas vale a leitura!

Nota: 8,0/ 10

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