
A Cosmere é o universo compartilhado criado pelo autor Brandon Sanderson. Por isso, grande parte dos seus livros tem como cenário planetas desta galáxia.
Este universo compartilha a mesma cosmologia e serve de base para os sistemas de magia. Além disso, personagens de diferentes histórias se cruzam perambulando pelos diferentes planetas e reinos de existência.
No centro da Cosmere está a noção dos Três Reinos: o Físico, o Cognitivo e o Espiritual.
O Físico corresponde ao mundo material, onde se desenrolam as ações e os cenários.
O Cognitivo, frequentemente chamado Shadesmar, é o plano das percepções e das ideias. Dessa forma, é um espaço onde conceitos adquirem presença e onde a comunicação entre mundos pode ocorrer de forma incomum.
O Espiritual é o reino das essências, das conexões que passam entre indivíduos e coisas. Por isso, é nesse espaço que grande parte da razão de ser da magia no Cosmere se revela.
A partir dessa divisão surge a Investidura, uma energia primordial que alimenta os diversos sistemas mágicos. Da mesma forma, confere coerência interna à cosmologia de Sanderson.
Uma peça central dessa mitologia é Adonalsium, a entidade primitiva cujo rompimento deu origem a fragmentos de poder chamados Shards. Cada Shard encarna um conceito ou intenção, como honra, ruína ou cultivo. Assim, quando um avatar desse fragmento escolhe um mundo para assentar, a influência do Shard molda a cultura, as instituições e a forma como a magia se manifesta naquele planeta.
Diversidade e Consistência dos Sistemas Mágicos
Portanto, os sistemas mágicos do Cosmere são tão variados e, ao mesmo tempo, compatíveis entre si. O mesmo princípio que sustenta Alomancia e Feruquimia em Scadrial também explica Surgebinding em Roshar e Awakening em Nalthis. Conforme todos são expressões da Investidura sob diferentes intenções.

Os mundos mais conhecidos da Cosmere ilustram bem essa diversidade. Scadrial, cenário de Mistborn, apresenta uma magia de regras claras e mecânicas, centrada em metais que concedem habilidades específicas.
Em contrapartida, Roshar, palco de Os Relatos da Guerra das Tempestades, combina elementos climáticos, juramentos e investiduras. Nesse sentido, resultam no Surgebinding, um sistema com forte carga ética e simbólica.
Nalthis, descrito em Warbreaker, utiliza a Respiração como forma de Investidura. Assim, associa magia à cor e à intenção de modo singular.
Há ainda Elantris e histórias curtas como The Emperor’s Soul, que exploram variações culturais e mágicas em um mesmo planeta. Juntamente com títulos mais recentes como Tress que ampliam o leque de perspectivas do Cosmere.
Além dos sistemas de magia, a obra de Sanderson se destaca pela consistência do worldbuilding. Cada sistema tem regras explícitas, custos e limitações que tornam as soluções narrativas críveis e satisfatórias.
A Alomancia e a Feruquimia funcionam quase como ciências locais, com aplicações táticas, bem como implicações sociais.
O Surgebinding introduz a ideia de juramentos e comprometimento como parte integrante do poder, o que gera consequências morais nas ações dos personagens.
Abordagens Conceituais e Conexões Entre Histórias
Awakening e Respiração apresentam por sua vez abordagens mais conceituais, enfatizando intenções e simbolismos. Essa variedade mantém a obra fresca e permite que temas semelhantes sejam abordados sob prismas diversos.
Entre as curiosidades que fascinam os leitores está a figura recorrente de Hoid, personagem enigmático que surge em diferentes livros com papéis e nomes variados. Hoid costuma aparecer de maneira discreta, oferecendo conselhos, provocando reflexões ou simplesmente observando acontecimentos.
Sua presença alimenta teorias e discussões entre fãs, pois ele demonstra conhecimento incomum sobre os eventos do Cosmere e carrega motivações ainda amplamente misteriosas.
Além disso, em muitos casos, frases aparentemente banais proferidas por Hoid assumem contornos maiores quando colocadas em diálogo com outros textos da série, funcionando como pistas sutis para leitores atentos.

Outra curiosidade relevante é a maneira como Sanderson planta detalhes que se tornam elos entre obras. Um objeto, uma expressão ou uma referência geográfica em um livro pode adquirir significado ampliado ao ser confrontado com outro texto ambientado em mundo distinto.
Caminhos de Leitura e Expansão do Universo da Cosmere
Dessa forma, essa técnica transforma a leitura em uma experiência cumulativa: ler mais livros do Cosmere recompensa o leitor com conexões que enriquecem a compreensão do conjunto.
Para quem pretende ingressar nesse universo, há diferentes caminhos recomendáveis.
Quem prefere começar por obras autônomas pode optar por Warbreaker ou por títulos como Tress, que oferecem narrativas completas e introduzem conceitos-chave sem exigir conhecimento prévio extenso.
Quem busca imersão épica pode iniciar por Mistborn ou por Os Relatos da Guerra das Tempestades. Nesse caso, são séries que exigem um maior compromisso de leitura, mas recompensam com desenvolvimento de personagens, intriga política e arcos de longo fôlego. A ordem de leitura não é definitiva; cada escolha proporciona sentimentos diferentes, e o ideal é começar pelo livro cujo tema mais o atraia.
Por fim, vale ressaltar que a Cosmere é um projeto em construção. Brandon Sanderson planeja estender esse universo com novas obras que ampliarão tanto a mitologia central quanto os detalhes de planetas e Shards.
Ler a Cosmere é, portanto, participar de uma mitologia em desenvolvimento, onde cada volume acrescenta novas peças a um panorama maior.
Portanto, se você se interessa por uma construção de mundo sólida, sistemas de magia bem concebidos e narrativas bem costuradas, a Cosmere oferece um universo rico e cheio de recompensas.
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