
A Curandeira de Zalindov é uma fantasia YA (young adult, caso você não seja da geração z) com um pouco de romance. Isso não é nenhuma novidade, mas este livro se destaca por seu cenário: uma prisão. E não uma prisão qualquer, mas uma de quem ninguém escapa vivo.
Esse foi o meu primeiro contato com a escritora, Lynette Noni, mas não é seu primeiro trabalho. Ela já lançou a série The Medoran Chronicles, e a duologia Whisper que pelo que eu pude apurar, não chegaram ao Brasil.
Concebido como uma trilogia, A Curandeira de Zalindov por enquanto só tem seu primeiro livro lançado no Brasil. Ele fez um sucesso enorme. Além de se tornar um best-seller, rendeu um prêmio ABIA e concorreu a diversas outras premiações.
O lançamento do livro nos Estados Unidos foi em 2022 e demorou um pouco para chegar aqui, sendo lançado em janeiro de 2025. Dessa forma, assim como no exterior, chegou fazendo um grande sucesso.
Uma Prisão Brutal e Autossuficiente
A história nos leva para Zalindov, uma prisão de segurança máxima. Ninguém ali está seguro, e todos são suscetíveis a abusos físicos e mentais, além de trabalhos insalubres. As taxas de morte são altíssimas, e ainda assim, conhecemos Kiva, que sobrevive há 10 anos no lugar.
A prisão é um local autossuficiente, onde os prisioneiros trabalham em quase todo tipo de atividade necessária. Dessa forma, são os prisioneiros que plantam a comida, fazem mineração, e também cuidam da enfermaria.
E é esse o local de trabalho de Kiva, como curandeira da prisão. Lá, ela trata de prisioneiros a guardas, afinal, todos suscetíveis a problemas de saúde. A princípio, pode parecer um trabalho tranquilo, mas não é bem assim.
Ainda que seja uma ocupação que não coloca sua vida em risco da mesma forma que outros trabalhos mais manuais, tem suas desvantagens. Pois Kiva é quem marca os prisioneiros qundo eles chegam à prisão.
Além disso, as doenças assolam a prisão de tempos em tempos. Muitos prisioneiros trabalham em locais úmidos e fechados, ambiente propício para propagar vírus e outras doenças.
A sua história é trágica, a garota foi presa junto com seu pai e um dos irmãos, por suposta traição. O garoto foi morto pelos guardas, enquanto o pai faleceu na cadeia. O restante dos familiares conseguiu fugir e se esconder.
Chegadas Que Mudam Tudo para a Curandeira de Zalindov
Em um momento, Kiva está vivendo “normalmente” na prisão. Mas em seguida, três acontecimentos, que a princípio não parecem relacionados, mudam tudo: a chegada de uma nova guarda e de dois prisioneiros.
Naari é apresentada em A Curandeira de Zalindov de forma despretenciosa, apenas mais uma guarda. Assim como suas colegas mulheres, não deve durar muito tempo naquele lugar. Mas, aos poucos, ela mostra que não compactua com seus colegas homens, protegendo Kiva de tentativas de abusos sexuais.
Logo depois, chega um novo prisioneiro, que parece diferente dos demais. Bonito e bronzeado, é estranho ele ter vindo para a prisão no meio do inverno. Está todo machucado, quase morrendo, e tem uma idade próxima da protagonista (ela tem 17 anos).
Por último, temos a chegada de uma pessoa importante: a Rainha Rebelde. Ela busca uma forma de recuperar o poder que teria sido tirado de sua família. Mas, não sabemos até que ponto essas histórias são reais.
Essa personagem chega bastante enfraquecida, em estado de coma. Kiva busca uma forma de curá-la, mas a situação se complica quando as autoridades a intimam a passar por provações.
As Ordálidas, são provações por meio de magia dos quatro elementos. Para ajudar sua paciente, Kiva assume os desafios para si, se colocando em grande risco. Afinal, não se sabe de ninguém que tenha sobrevivido.
Magia, Reviravoltas e Redenção
Kiva, então, vai iniciar essa jornada para tentar se salvar. Ainda que a maior chance é de que ela acabe morta, caso sobreviva, finalmente vai estar livre da prisão. E é nisso que a garota se agarra.
Algo que me deixava preocupada com A Curandeira de Zalindov era a idade da protagonista, afinal, 17 anos é bem nova. Mas não tive muitos problemas com a protagonista por conta disso.
Alguns pontos dessa história precisam de uma suspensão da descrença. Como o fato de crianças e adolescentes sozinhos fazerem todo o trabalho de um departamento médico.
Houve reviravoltas desse livro que consegui ver de longe, mas outras me enganaram, como final (o que foi esse final???). Então, no geral, ele conseguiu me surpreender.
A construção do universo aqui é limitada, algo que não é necessariamente ruim. Tornou a história menos ambiciosa mas evitou furos que poderiam ocorrer, caso criasse algo mais grandioso.
Fiquei um pouco dividida quanto ao final, mas, no geral, achei uma história boa. Ela tem um bom ritmo, é empolgante, me fez querer ler rapidamente. Quero ler os próximos.
Nota: 8,5 /10
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