
Atenção: esta resenha de Filho Dourado contém spoilers de Fúria Vermelha!
Caso ainda não tenha lido o primeiro volume da série, confira antes a nossa resenha de Fúria Vermelha.
A continuação de Fúria Vermelha começa com o desafio de dar prosseguimento a um final marcado por conquista e sacrifício. O primeiro livro encerra com Darrow tendo alcançado tudo o que se propôs.
Ele venceu o jogo brutal da bandeira futurista, desafiou a corrupção dos instrutores ao invadir o Monte Olimpo para salvar sua nova paixão. Além disso, conquistou o respeito de todos ao provar que era o maior líder já visto nos jogos.
Ganhou o favor do próprio Governador de Marte e selou sua inimizade com a poderosa casa de seu principal rival. A vingança parecia ao alcance, e a libertação de seu povo, inevitável.
Diante de um desfecho tão elevado, a sequência precisava reposicionar o protagonista para continuar sua jornada. A escolha do autor foi aplicar um salto temporal (time skip). E assim, mostrar Darrow enfrentando uma dura derrota, obrigando-o a recomeçar, crescer e evoluir mais uma vez.
Embora essa abordagem funcione do ponto de vista estrutural, ela também torna o início e o fim do livro previsíveis. Apesar de haver reviravoltas interessantes, alguns arcos soam repetitivos, dando a sensação de que a narrativa está girando em torno de fórmulas já conhecidas.
A fúria ganha profundidade em Filho Dourado
Ainda assim, o livro ganha força ao ultrapassar esses degraus obrigatórios da narrativa. O desenvolvimento dos personagens e as cenas de ação são impressionantes, cativando o leitor e fazendo com que a passagem de páginas seja algo obrigatório. O livro não sugere, ele demanda uma virada de página.
Novos personagens são apresentados, e em momentos de crise senti medo real pela morte de alguns deles, já que o autor faz um ótimo trabalho em torná-los únicos e carismáticos. Além disso, os personagens já estabelecidos enfrentam novos dilemas e desafios. Eles são colocados em situações suficientemente diferentes para que esta continuação tenha personalidade própria.
Comentando agora sobre a edição, há alguns erros que não deveriam ter passado pela revisão de texto. Um, em especial, me incomodou bastante: a Parte 4 do livro, intitulada “Ruína”, aparece com o título alterado para “Rurína”. A página em questão contém apenas o nome da parte e uma citação de um personagem, então o erro salta aos olhos e merecia maior cuidado editorial.
Eu mais do que recomendo o livro. Para quem gostou do anterior, aqui os desafios se tornam ainda maiores, os personagens evoluem e as reviravoltas são envolventes o bastante para prender o leitor. Darrow continua cercado por figuras marcantes, mas ainda assim se destaca, reforçando o sentido de sua jornada como protagonista.
Nota: 7,9/10
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