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Ignis Lacrimosa – Romantasia do Tiktok

A imagem é a capa de um livro. Ela mostra uma garrafa vermelha ornamentada com detalhes dourados, envolta por serpentinas de couro ou metal, e em volta dela há uma figura de dragão verde ao fundo. No topo, há o nome da autora em letras brancas: "Helena Lopes". Abaixo, em letras grandes e elegantes, está o título do livro: "Ignis Lacrimosa" (parece haver uma sobreposição de letras, sugerindo o título completo "Ignis Lacrimosa" ou algo similar). A paleta de cores é sombria e dramática, com tons de verde, dourado e vermelho, dando um ar de fantasia ou romance sombrio.

Ignis Lacrimosa é uma romantasia que virou febre nas redes sociais brasileiras após seu lançamento. Escrita por uma brasileira, ainda não tem uma versão em capa dura, mas o seu Ebook é bem acessível. Principalmente considerando sua extensão de quase 800 páginas.

Helena Lopes é roraimense e já tem diversos livros publicados, entre versões impressas e digitais. Além disso, ela já alcançou a lista de best-sellers da Amazon e foi finalista do prêmio Wattys (premiação da literatura independente).

Por isso, fiquei muito curiosa de ler uma autora nacional desse subgênero que tenho gostado tanto. Ainda mais com elementos como dragões e romance enemies to lovers, e da história estar sendo comentada nas redes sociais.

Obviamente, como saiu apenas em português e ainda sem versão física, Ignis Lacrimosa conquistou sucesso dentro do seu nicho. Mas isso não tira o mérito da obra, que apresenta problemas, mas, no geral, ainda consegue se manter bem executada. Enfim, vamos à história.

O livro começa de uma forma incomum: Zália Wika está em uma carruagem com seu pai e irmãos, em direção ao seu casamento. De antemão já percebemos detalhes fora do comum, já que a união foi arranjada por ambas as famílias. Além disso, não é bem aceita pelos irmãos da jovem.

Sua família é composta por bruxos, e seus irmãos têm poderes elementais. Zália, no entanto, pode controlar os pássaros e seres com asas, além de outros feitos menores. Eles são da realeza, seu pai é o rei de todo o povo bruxo.

Um mundo dividido entre bruxos e alquimistas

Em contraste, a família do noivo, o príncipe, é a realeza alquímica. Composta por pessoas sem religião, que cultuam o conhecimento e criam a partir da alquimia. São também guerreiros, que usam espadas, diferentemente dos bruxos, que não podem tocá-las.

Os dois povos rivais de Ignis Lacrimosa passaram muitas décadas em guerras, matando uns aos outros. O príncipe alquímico, além de comandante do exército, carrega a fama de assassino de bruxos. Ou seja, todos o veem como impiedoso e cruel com seus inimigos.

Apesar disso, quando a Aflição afetou os reinados, tudo mudou. De um dia para o outro, mulheres começaram a dar à luz a monstros, espalhando caos e destruição.

Juntamente com isso surgiram os necromantes, criaturas cinzentas, que tentam matar aqueles que encontram. E muitas vezes são bem-sucedidos nisso.

Por isso, bruxos e alquímicos se juntaram, criando uma cura para as mulheres grávidas. E com isso também decidiram unificar os reinos, a partir do casamento de Zália e Astero.

Logo após o início do livro Ignis Lacrimosa, no transporte para o casamento, presenciamos um ataque de necromantes. Eles param a carruagem, matando parte da comitiva, e os quatro irmãos, unidos, os derrotam.

Em seguida ocorre o casamento, onde Zália enfim conhece seu noivo. Ele é muito bonito, mas, além dos votos, não troca palavras com a jovem e mostra que não gosta de estar ali.

A chegada de Zália ao novo reino

Zália então passa os dias seguintes buscando se adaptar ao novo reino e seus costumes. Tem conversas com suas damas de companhia e um diálogo estranho com a rainha, sua sogra.

Além disso, foge em uma noite para vagar pela cidade, como costumava fazer em seu reino. A jovem passa a noite por telhados, impedindo crimes e salvando pessoas. Mas Astero aparece e deixa bem claro que ela não pode mais ficar vagando pela noite.

Alguns dias se passam com a vida palaciana, até que algo horrível acontece, e muda os rumos de toda a história. Zália é sequestrada por uma necromante que assumiu a forma de uma de suas damas de companhia.

Ela é levada para uma caverna e lá estão seu pai e dois de seus irmãos, mortos. Apenas quem está vivo é Zev, mais novo antes de Zália, que está sendo torturado. Os necromantes surgem por passagens secretas, e os interrogatórios sempre tem como pauta o dragão.

Mas, até onde sabemos, os dragões estão extintos. As três bruxas originais, que são cultuadas como a deusa Tripla, foram as únicas a possuírem os seres mitológicos.

Quando os irmãos podiam, conversavam. As sessões de tortura aconteciam em uma outra sala, e lá havia um altar.

Zália e Zev passam cerca de dois meses em cativeiro. O jovem chegou a perder um olho, e estava completamente machucado. No dia do seu fim, dá a Zália um ovo, e explica como ela deve usá-lo. É dessa forma que nasce um dragão, e, ainda muito pequeno, voa com Zália para fora da caverna.

Quando volta para o castelo alquímico, com seus cabelos cortados (o que tira seus poderes mágicos), ela está muito machucada. E descobrimos que, na sua ausência, os rebeldes, bruxos que repudiam os alquímicos, bombardearam todo o palácio.

Rebeldes, cicatrizes e alianças improváveis

Zália dá um basta na situação, e se exaure completamente. Ela é cuidada por Ônixa, bruxa que era sua dama de companhia, e Ambi, segunda no comando alquímico.

A interação com Astero é pouca, mas ocorre de forma rude. Toda interação entre eles, por boa parte do livro, acontece dessa forma. O romance vai tomando forma aos poucos.

Uma passagem de tempo nos leva a dois anos depois. Astero, após a morte do pai, descobriu que a poção para a Aflição não era definitiva, e uma nova precisa ser criada.

É com essa premissa que Ignis Lacrimosa reúne Zália, Astero, Ônixa, Ambi e Oro, o dragão que agora é adolescente. Após muitas discordâncias, eles resolvem partir atrás dos elementos necessários para a poção.

Todavia, se um protótipo de casal não era suficiente, vamos ter dois aqui. Isso porque Ambi e Ônixa tiveram uma noite de amor, um ano antes, que não acabou da melhor forma.

Os quatro personagens principais têm muitos problemas. Zália não superou a morte de seus irmãos, e quer vingança. Também está com pouco poder, devido aos seus cabelos curtos.

Astero teve uma infância infeliz e cruel, que o transformou em um soldado desde criança. Novo, já explorava os túneis do reino, procurando pelos monstros acinzentados.

Traumas, romances e segredos do quarteto protagonista

Ambi se tornou parte da guarda de um mercenário que a criou, e após fugir de lá, ficou em dívida com o homem. Se juntou a guarda alquímica e lá conheceu Astero.

Ônixa viu a mãe grávida durante a aflição, e, após perder o filho, a bruxa se jogou de uma torre. Então, cresceu sozinha em uma região perigosa da capital bruxa.

Nessa jornada, conhecemos novos locais, personagens, e aos poucos o quarteto protagonista vai se aproximando. Também descobrimos bastante sobre o passado da magia.

Eu achei Ignis Lacrimosa uma história com uma construção de mundo bem-feita, apesar de contar com muitos clichês. A duologia entre bruxos e alquímicos foi algo interessante.

Além disso, a história tem ótimos plots e um bom ritmo, me fez querer ler de forma rápida (e li realmente em poucos dias).

Alguns pontos de mitologia ficaram um pouco confusos, poderiam ter sido melhor explicados. Gostei do casal principal, mas bater tanto na tecla de como eles estavam quebrados ficou repetitivo.

O casal secundário foi bem desnecessário, não acrescentou realmente à história e foi meio dramalhão. Além de alguns pontos pouco realistas, como uma pessoa esperando por sete anos para ficar com outra.

Outro ponto negativo é a revisão do texto. Tem vários erros, entre concordância e frases meio repetidas.

Mas eu me diverti bastante com Ignis Lacrimosa, li super rápido, e gostei do casal. Também acho que histórias independentes merecem um crédito.

Nota: 8,0 /10

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