
O Jogo dos Desejos foi um livro que comprei sem muita pretensão. Ele estava em uma super promoção, com 50% de desconto. Enfim, foi daquelas compras sobre as quais a gente nem pensa muito.
Ele passou algum tempo na minha estante, então, quando estava procurando um livro um pouco mais leve, o encontrei. Por isso, não tinha muitas expectativas, mas foi uma grata surpresa.
É o livro de estreia de Meg Shaffer, remete a uma versão adulta de A Fantástica Fábrica de Chocolate. É como se, em vez de chocolate, a fábrica fosse de histórias, e as crianças aparecessem em sua versão mais velha.
Lucy Hart é uma jovem que passou por muitas dificuldades na vida. Cresceu sem o amor dos pais e da irmã, saiu de um relacionamento abusivo, e, além disso, o trabalho mal paga as contas.
Desejos, adoção e um novo começo
Mas o amor por Christopher, um de seus alunos, dá forças para ela. O garoto perdeu os pais tragicamente, e Lucy cuida dele, desejando fortemente ser sua mãe adotiva. Mas isso não é simples quando se divide o apartamento com universitários, não tem dinheiro nem um carro.
Assim, após uma conversa com a assistente social responsável pelo caso, em que foi aconselhada a desistir da adoção, Lucy está desesperada, quase aceitando o conselho. Até que Jack Masterson, um escritor infantil, lança um concurso.
Além disso, conhecemos mais sobre Jack, que está morando na ilha com Hugo, artista e ilustrador dos livros. Ele não escreve há anos e está bebendo muito. Nesse contexto, quando Hugo o confronta, ele decide lançar o desafio.
Jack escreve aventuras infantis da Ilha Relógio, fazendo parte da infância de Lucy e agora também da de Christopher. Mas a ilha dos livros não é só fictícia, ela é inspirada em uma ilha real, onde tudo está localizado como que em ponteiros de relógio.
Lucy já esteve lá quando fugiu de casa na infância, e é por isso que a convidam para O Jogo dos Desejos. Junto com outros três adultos que também visitaram o local quando eram crianças.
A ilha encantada e seus mistérios
É assim, entre passagens dos livros, que conhecemos a verdadeira Ilha do Relógio e todos os competidores. À primeira vista, todos os outros aparentam uma vida perfeita, tendo superado os problemas da infância. Porém, aos poucos, essa máscara vai caindo, e descobrimos outras pessoas com motivações dignas da vitória.
Mas quem mais vai ganhando destaque na trama é Hugo, que, aos poucos, vai conquistando a confiança (e talvez um pouco mais) de Lucy. A história também aprofunda Jack, revelando o grande trauma que marcou seu passado.
Explorar pela visão da protagonista a ilha é bem mágico, um cenário muito belo e extravagante. As passagens de livros enriquecem a narrativa, fazendo com que a gente creia que há histórias dentro da história principal. Além disso, elas tem lições importantes, interligadas.
Parte dos personagens é bem construída, e algumas simplificações que me incomodaram no início do livro acabam corrigidas. Gostei muito do Hugo, Jack, e até do Christopher. A amiga de Lucy (esqueci completamente o nome dela) também é cativante.
Os competidores, em compensação, não tiveram tanto destaque, e eu acabava confundindo os personagens, mesmo sendo poucos. Lucy tem algumas atitudes questionáveis e achei ela bastante imatura em alguns momentos.
Mas a história como um todo é muito reconfortante, daquelas que deixam o coração quentinho. É motivacional, tem lição de moral, final feliz e tudo que temos direito. Tem até reviravoltas e algumas surpresas.
Só não vá esperando um romance romântico e muito menos hot. A história é muito mais sobre o processo e os desejos que nós temos. E os meus foram mais que atendidos com esse livro.
Nota: 9,0/ 10
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