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Resenha – Quarta Asa: Dragões e Romance

Comecei a ler Quarta Asa, da Rebecca Yarros, só em abril de 2025, passado um pouco o hype inicial. Isso acabou sendo bom, pois já havia três livros dos cinco disponíveis, e terminei cada um deles querendo ler o próximo o quanto antes. A história apresenta Violet, uma jovem que está na idade de iniciar sua formação em uma divisão, mas que, diferente do que ela queria e todos esperavam, será inserida na dos cavaleiros de dragões, e não na dos escribas.

Nossa protagonista é sempre descrita como alguém com um corpo frágil e pequeno, propensa a lesões frequentes, com articulações que se rompem com facilidade. Desde cedo ela se preparou para uma carreira ligada ao conhecimento, onde deveria seguir a vocação do pai, já falecido. No entanto, sua mãe, a General Sorrengail, é irredutível: ela deve se alistar na divisão de cavaleiros.

Primeiros desafios, alianças inesperadas e um rival perigoso

Nesse contexto, conhecemos Mira, sua irmã mais velha e cavaleira formada. Ela ajuda Violet com equipamentos adequados, como sapatos, uma armadura ajustada e uma mochila mais leve e organizada. Também entrega um caderno com dicas deixadas por Brenan, o irmão mais velho que morreu em combate.

Logo de cara, Violet enfrenta seu primeiro grande desafio: o Parapeito, uma estrutura estreita e perigosa por onde os estudantes devem passar para se tornarem cadetes. No Instituto Militar de Basgiath, ou você triunfa ou morre. Essas primeiras cenas incluem a morte de um personagem, o início de uma amizade com Rhannon (que se torna seu colega de esquadrão), o primeiro contato tenso com Xaden Riorson e uma tentativa de assassinato por Jack Barlowe, que tenta empurrá-la para a morte.

Xaden Riorson impressiona à primeira vista com sua presença física imponente: alto, forte, moreno e bonito. Mas Mira já havia alertado Violet para se manter longe dele, já que a mãe delas foi responsável pela morte de Fen Riorson, pai de Xaden e líder da antiga rebelião. Como os outros filhos de traidores do reino, Xaden carrega uma marca da rebelião deixada por um dragão em sua pele. Ele é letal, domina sombras, um dos sinetes mais raros e poderosos, e é perigoso.

Sobrevivência em Basgiath, a ameaça de dentro e dragões assustadores

O Instituto tem uma postura impiedosa, que inclusive estimula a eliminação dos mais fracos entre os alunos. A única regra clara é que os assassinatos devem ocorrer fora do próprio esquadrão. Violet segue o conselho da irmã e procura Dain Aetos, seu melhor amigo, que tenta ajudá-la, mas também quer levá-la de volta para os escribas sem que a mãe dela saiba. Ainda assim, Violet persiste, e quando a cerimônia do Parapeito termina, se junta ao grupo de novos cadetes. Dain, como dirigente de esquadrão, consegue colocar Violet e sua amiga sob sua liderança.

Durante uma reorganização, no entanto, há uma reviravolta, e descobrimos que Xaden, que supostamente quer vê-la morta, será seu novo dirigente de asa, o cargo mais alto da hierarquia. A dragão de Xaden, Sgaeyl, é azul, enorme, e observa Violet de forma ameaçadora. Começam então os testes físicos e combates corpo a corpo, como a Armadinha e a Seifa. Fica claro que Violet terá de compensar sua desvantagem física com inteligência e estratégia para sobreviver.

Nesse universo, os cavaleiros adquirem poderes ao se vincularem a seus dragões na Seifa. Um desses poderes é a regeneração, algo que ajuda Violet a resistir. Os cavaleiros protegem o reino de ameaças externas, incluindo as revoadas, formadas por cavaleiros de grifos, criaturas mágicas meio águias, meio leões. Mas talvez a maior ameaça a Navarre esteja dentro do próprio exército, que parece esconder grandes segredos.

Mitologia, ação crescente e críticas

As provações continuam, e o relacionamento entre Violet e Xaden evolui entre conflitos, tensão e forte atração mútua. Por volta da metade do livro, os dragões ganham maior protagonismo, e com eles surgem personagens marcantes e uma mitologia fascinante. A amizade entre Violet e Dain se fragiliza, mas ela encontra apoio em novos companheiros: Ridoc, Sawyer e Liam, todos primeiranistas enfrentando os mesmos desafios.

A cada capítulo, os perigos aumentam, elevando o ritmo e a tensão da narrativa. Apesar disso, não achei o livro tão rápido de ler, talvez pelo tamanho, mas senti que ele aproveita bem esse espaço para construir o mundo e seus conflitos. Perto do fim, há uma morte dolorosa de um personagem secundário, e mesmo com sua importância, notei que muitos coadjuvantes são pouco desenvolvidos, parecendo unidimensionais apesar da frequência com que aparecem.

O livro utiliza muitos palavrões e tem uma linguagem bastante jovem e simples. Em certos momentos isso soa exagerado, mas geralmente combina com o tom de urgência e perigo constante da história. Algumas críticas à série apontam o uso excessivo de clichês, mas ainda assim, Quarta Asa conseguiu me prender. É uma leitura bem amarrada, com uma protagonista inteligente, ainda que dramática, e que me conquistou ao longo da jornada.
Nota: 9,5 /10

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